Atos de Fala
Os
Atos de Fala
Os
atos de fala é uma teoria de grande importância para o enriquecimento de uma
interpretação em uma dada situação comunicativa, mas antes de adentrar no
assunto temos que entendermos o que já foi idealizado nos estudos direcionados
por Ferdinand Saussure no Curso de Linguística Geral em relação a fala e seu
uso, percebendo que a fala seroa o reino da liberdade e da criação ,mas para
isso teria se utilizar das virtualidades do sistema , assim entendendo que a
língua é o elemento social da linguagem.
No
livro de José Luiz Fiorin: Linguística? O que é isso ? o autor faz uma
referência ao filosofo John Austin(1979), o precursor dos atos de fala,
descrevendo que a linguagem é forma de representar a ação no mundo, enfatizando
que o uso em uma situação comunicativa comunica muito mais do que as palavras
significam. Diante da passagem sobre a virtualidade do sistema no momento da
enunciação, ou seja, é citado Benveniste e sua explicação afirmando que essa
passagem é a “colocação em funcionamento da língua por um ato individual de
utilização” (1974 pág.80), compreendendo assim que a enunciação é a passagem da
língua para a fala.
Diante
disso , para o esclarecimento da teoria dos atos de fala é necessário enfatizar
o precursor sobre a concepção de atos de fala, o filósofo inglês John Austin,
notando-se e constatando que essa teoria rompe com a noção tradicional da
semântica, que analisa a significação das palavras: “Ninguém ama tanto a
vida como a pessoa que envelhece”. Enquanto estudar a língua é necessário
levar em consideração o seu uso diante da situação comunicativa.
Adentrando
na conceituação dos atos de fala, fica compreendido que essa teoria está
diretamente relacionada ao estudo do uso da fala, pois as inferências só podem
ocorrer em situações concretas em que as palavras são realizadas em uma série
de atos, com caráter prático.(Fiorin,2017). Martelota (2011) se utiliza dos conceitos
formulado por Austin para destacar as equivalências da execução dos três atos. Dessarte,
o ato ilocutório corresponde ao campo linguístico usado para dizer algo, o
locutório corresponde ao modo de dizer algo ,observando como esse dizer é
recebido em função da força com que é proferido, correspondendo ao ato efetuado
a se dizer algo. O ato perlocutório corresponde à indicação dos efeitos
causados sobre o outro, servindo a outros fins, como influenciar, persuadir ou
até mesmo causar constrangimento.
O presidente corta a fita vermelha na entrada do
hospital e diz: “Com este ato, o hospital é inaugurado”.
·
Ato locutório: “Com este ato, o
hospital é inaugurado”.
·
Ato ilocutório declarativo: o
presidente inaugura um hospital.
·
Ato perlocutório: o hospital é
inaugurado e as pessoas presentes são informadas deste fato.
Análise
de uma Situação
Contexto:
O
filho deve fazer o dever de casa, e a mãe diz:
“Vou
desligar o vídeo game.”
LOCUTÓRIO |
Proferimento |
Vou
desligar o vídeo game |
ILOCUTÓRIO |
Intenção |
Ordenar/Ameaçar |
PERLOCUTÓRIO |
Ação
obtida |
O
filho faz o dever |
Ato
Ilocutório e Força Ilocutória
Martelota
(2011) utiliza-se do conceito dado por Searl para diferenciar o ato ilocutório e
força ilocutória , partindo do pressuposto de que a força ilocucional está
diretamente relacionada ao contexto, entendendo que é necessário que o ato da
fala seja executado de modo apropriado às circunstâncias. Exemplo também
retirado do livro Manual de Linguística.
"Não creio que sejam necessários ao país tantos
vereadores, deputados, senadores e, o pior, tantos assessores e funcionários à
disposição dessa turma. Para que servem? Para dar nome de rua? Para fingir que
representam o povo? Redução dessa turma de políticos já." (O Globo, 10/09/06) |
No
exemplo dado por Martelota(2011), é destacado a força ilocucional , notando o
sentimento de raiva do cidadão em relação ao comportamento dos políticos.
Inferindo essa reclamação a partir dos
questionamentos : “Para que serve?”, “para dar nome de rua?”, “para fingir que
representam o povo?”. Essas situações nos levam a concluir que não é necessário
,somente, a existência de marcadores de força ilocucional como: a ordem das
palavras, o acento tônico,, a entoação, a pontuação , o modo e o uso dos verbos
performativos, mas as situações concretas do discurso. Portanto, o ato
ilocucional refere-se ao como se diz e a força ilocucional refere-se a intenção
diante do conteúdo enunciado.
Referências
FIORIN, Jose Luiz. Linguística?
Que é isso?. ,1ª ed.,4ª reimpressão. -São Paulo: Contexto:2021.
FIORIN,
Jose Luiz. Uma teoria da enunciação: Benveniste e
Greimas. Gragoatá, Niterói, v. 22, n. 44, p. 970-985, 2017.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguìstica.(org.). 2. ed. — São
Paulo : Contexto, 2011.Vários autores.
SAUSSURE, Ferdinand de.
Curso de linguística geral. Apresentação de Carlos Faraco. Tradução, notas
e posfácio de Marcos Bagno. São Paulo: Prábola,2021.392 p.
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