INTERTEXTUALIDADE: COMO OS TEXTOS SE APOIAMEM OUTROS TEXTOS
Intertextualidade é a relação
entre um texto e outros textos que o antecedem, influenciam ou com os quais ele
dialoga.
Essa relação pode
ser:
·
Explícita:
com citações diretas, menção a autores ou textos.
· Implícita: com ideias, estruturas, frases ou metáforas inspiradas em outros textos.
O trecho do periódico Education Week ilustra bem a intertextualidade:
·
Usa o jargão educacional do final do século XX,
como “movimento de padronização”,
“responsabilização”, “middle school” etc.
·
Faz referência a documentos e avaliações como o TEIMC e a ANPE, que são intertextos técnicos e institucionais
importantes no debate educacional.
·
Traz uma voz
de autoridade (William Schmidt) que empresta credibilidade e dá peso
às afirmações — uma forma clássica de intertextualidade acadêmica.
· Utiliza expressões como "feeling the squeeze" e “terras intelectualmente improdutivas”, que remetem a discursos críticos e à retórica de crise educacional dos anos 1990 e 2000.
Nossas palavras nunca são totalmente “nossas”, pois vêm de um repertório linguístico
compartilhado e de um “oceano de textos” que nos cerca.
·
Como escritores,
usamos esse repertório para criar algo novo ou para enfatizar certas fontes.
·
Como leitores,
podemos ou não perceber as influências e origens das palavras e ideias.
·
A intertextualidade
é esse fenômeno de relação entre os textos, consciente ou inconsciente.
· Analisar intertextualidade nos ajuda a entender melhor textos acadêmicos, jornalísticos, escolares, políticos, entre outros.
Aprender a perceber e analisar a
intertextualidade permite:
·
Ler
criticamente: entender de onde vêm as ideias, que vozes estão sendo
priorizadas ou silenciadas.
·
Escrever
com mais consciência: escolhendo quando citar, criticar ou se distanciar
de certas fontes.
· Entender melhor o mundo escolar: como os alunos aprendem, como textos populares moldam a visão da educação e como documentos institucionais representam alunos e escolas.
O texto explica como a reportagem “O elo fraco” não apenas relata fatos, mas constrói uma narrativa intertextual complexa. As autoras manipulam estrategicamente vozes, discursos e referências culturais, participando ativamente da controvérsia que aparentam apenas retratar. A intertextualidade é usada como ferramenta retórica e ideológica, moldando a percepção do leitor sobre o problema da middle school.
A análise intertextual não deve ser um exercício vago ou genérico. É necessário que o pesquisador entre no processo com uma intenção clara. A intertextualidade está ligada ao modo como os textos dialogam entre si.
Exemplo:
Um grupo de alunos do 6º ano escreve reações à
leitura do conto "Todo o verão em um dia", de Ray
Bradbury. Um dos alunos cita um poema da personagem Margot, que diz:
“Eu acho
que o sol é uma flor
Que desabrocha por apenas uma hora.”
Esse verso é retomado e comentado por outro aluno, que faz uma paráfrase pessoal da citação e a conecta com seus próprios sentimentos, dizendo que o verso o fez pensar em uma flor bonita que dura pouco — uma metáfora que ele associa à tristeza da personagem.
Elementos de intertextualidade observados:
- Citação direta:
·
O aluno
reproduz o verso do poema tal como está no texto original de Bradbury.
- Paráfrase e personalização:
·
Ele não
só repete, mas interpreta o verso com suas próprias palavras, estabelecendo
um elo emocional e pessoal com a personagem Margot.
- Comentário afetivo e
subjetivo:
·
O aluno
comenta como o texto literário ecoou em sua própria experiência, uma
forma de resposta intertextual subjetiva.
Referência
BAZERMAN ,Charles . Gênero, agência e escrita / Charles Bazerman; Angela Paiva Dionisio (Organizadora), Judith Chambliss Hoffnagel (Organizadora e Tradutora) – 2.ed. – Recife: Pipa Comunicação, Campina Grande: EDUFCG, 2021.
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